Lembro-me claramente da vez em que fiz meu primeiro simulado para concurso: sentei na mesa da cozinha, com uma pilha de cadernos, o relógio na parede e o coração acelerado como se fosse o dia da prova. Saí do simulado com o ego ferido — acertei menos do que esperava — e com uma lista enorme de tópicos para revisar. Foi justamente esse “frio na barriga” seguido de análise honesta que mudou minha preparação. Aprendi que o simulado não é um termômetro do quanto você já sabe: é a bússola que mostra para onde você deve remar.
Neste artigo você vai aprender, passo a passo, como usar o simulado para concurso de forma eficiente: quais tipos existem, como montar um cronograma inteligente, como analisar resultados e corrigir erros, e quais ferramentas e fontes confiáveis usar para criar ou fazer simulados.
O que é um simulado para concurso e por que ele funciona
Um simulado para concurso é uma prova prática feita em condições semelhantes às do dia do exame — mesmo tempo, mesmo número de questões e, idealmente, o mesmo estilo de cobrança. Mas por que ele é tão eficaz?
– Porque ativa a recuperação da memória (testing effect), que melhora retenção a longo prazo. Estudos abrangentes como a revisão de Dunlosky et al. (2013) mostram que práticas de teste são das técnicas de estudo mais efetivas. (Fonte: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3812601/)
– Porque permite treinar gestão de tempo, estratégia de marcação e resistência mental.
– Porque transforma o estudo passivo (ler, revisar) em prática ativa, evidenciando lacunas reais de conhecimento.
Tipos de simulados e quando usar cada um
Simulado diagnóstico
– Objetivo: mapear pontos fortes e fracos no início da preparação.
– Quando fazer: primeiro mês de preparação.
Simulado por disciplina
– Objetivo: focar fraquezas específicas (ex.: Direito Administrativo).
– Quando fazer: durante ciclos de estudo da disciplina.
Simulado cronometrado (seção)
– Objetivo: treinar tempo em blocos (ex.: 30 questões em 40 minutos).
– Quando fazer: quando já domina os conteúdos, aprimorando velocidade.
Simulado full-length (prova completa)
– Objetivo: simular o dia real — resistência, alimentação, logística.
– Quando fazer: mensais na fase intermediária/avançada; 1–2 semanas antes da prova final.
Como montar um simulado para concurso eficiente (passo a passo)
1. Defina o propósito: diagnóstico, treino de tempo ou simulação real.
2. Escolha o estilo de banca: CESPE/Cebraspe, FCC, FGV, etc. Use provas anteriores como base.
3. Monte o caderno: respeite número de questões e peso por disciplina.
4. Cronometre rigorosamente: simule pausas e bloqueios (ex.: 1 hora sem celular).
5. Faça o simulado em ambiente similar ao do dia da prova.
6. Corrija com gabarito e registre: acertos, erros por assunto e tempo gasto por questão.
Como analisar os resultados — o passo que muitos pulam
Depois do simulado vem o mais importante: a correção estratégica.
– Classifique erros por tipo:
– Falta de conhecimento (não estudou o tópico).
– Erro de interpretação (entendeu mal a questão).
– Falha de técnica (tempo, marcação).
– Use uma planilha simples com colunas: questão, assunto, tipo de erro, tempo gasto, ação corretiva.
– Planeje ações: revisar teoria, fazer 10 questões sobre o tema, refazer questões antigas.
– Refaça o simulado parcial (apenas sobre os temas com maior erro) após 7–14 dias.
Cronograma prático de simulados (modelo)
– Semana 1: simulado diagnóstico (1 prova curta).
– Semanas 2–8: 1 simulado por disciplina a cada duas semanas.
– Mensal: 1 simulado full-length em condições reais.
– Últimas 6 semanas: 1 simulado full-length por semana, com revisão intensiva dos erros.
Explicação rápida: espaçar simulados entre práticas de revisão e resoluções previne sobrecarga e aproveita o efeito da prática distribuída.
Erros comuns ao usar simulados (e como evitá-los)
– Fazer simulados sem corrigir corretamente. Solução: dedique pelo menos o dobro do tempo de correção do tempo de prova.
– Focar apenas em quantidade de simulados. Solução: priorize qualidade e análise.
– Ignorar banca/estilo da prova. Solução: sempre adapte simulados ao edital e à banca.
– Repetir os mesmos tipos de questões sem variar. Solução: inclua questões de provas anteriores e bancos diferentes.
Ferramentas e fontes confiáveis para criar ou fazer simulados
– Plataformas de simulados: Qconcursos (https://www.qconcursos.com/), Gran Cursos Online (https://www.grancursosonline.com.br/), Estratégia Concursos (https://www.estrategiaconcursos.com.br/).
– Bancos de questões e provas antigas: sites das bancas (Cebraspe: https://www.cebraspe.org.br/, FCC: https://www.concursosfcc.com.br/).
– Artigos sobre técnicas de estudo: Dunlosky et al. (2013) — revisão sobre técnicas eficazes (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3812601/).
– Planilhas e templates: crie uma planilha no Google Sheets com colunas para questão, assunto, tipo de erro e plano de revisão.
Dicas práticas para o dia do simulado (e do concurso)
– Durma bem na noite anterior: sono consolida memória.
– Faça um aquecimento: resolva 5 questões fáceis para entrar no ritmo.
– Controle o tempo: marque checkpoints (ex.: 25% das questões resolvidas em 25% do tempo).
– Não perca tempo excessivo em uma questão: sinalize e volte se sobrar tempo.
– Simule a logística: trajeto, alimentação e documentos como no dia real.
O que fazer imediatamente após um simulado
– Corrija com calma e sem emoção.
– Classifique erros e priorize os 20% de assuntos que geraram 80% dos erros.
– Planeje uma revisão ativa: 1 hora de teoria + 30 minutos de questões sobre o tema.
– Refaça as mesmas questões após 7–10 dias para verificar retenção.
Perguntas frequentes (FAQ rápido)
– Quantos simulados devo fazer por mês?
– Depende do estágio: iniciantes 1–2, intermediários 2–4, avançados 4+ (incluindo full-length).
– Simulado online vale tanto quanto em papel?
– Vale, desde que cronometre e respeite ambiente sem distrações. A diferença é a sensação física da prova em papel.
– Devo refazer questões que acertei?
– Refaça apenas se acertou por tentativa (marcou “chute”) ou se o assunto é recorrente na banca.
– Quanto tempo dedicar à correção?
– Pelo menos o dobro do tempo gasto na realização do simulado.
Minha rotina pessoal com simulados — um exemplo real
Na reta final de um concurso importante, eu fazia:
– Segunda: 2 horas de revisão teórica.
– Terça: simulado por disciplina (40–60 questões cronometradas).
– Quarta: correção detalhada e plano de revisão.
– Quinta: resolução de questões de banca específica.
– Domingo: simulado full-length uma vez por semana.
Isso me deu segurança emocional e melhor controle do tempo. Nem sempre acertei muito no começo, mas o progresso foi constante.
Conselhos finais e motivação
O simulado para concurso é mais do que uma avaliação: é uma ferramenta de aprendizagem. Se usado com método — simular, analisar, corrigir, revisar e repetir — ele reduz ansiedades, melhora retenção e aumenta suas chances no dia da prova.
Resumo rápido:
– Use simulados desde cedo para mapear lacunas.
– Adapte simulados à banca e ao edital.
– Corrija com estratégia e reforce com revisões espaçadas.
– Aumente a frequência conforme a proximidade da prova.
FAQ resumida no final:
– Quantos simulados por mês? Depende do estágio — aumente perto da prova.
– Melhor simulado: aquele que imita a banca e tem correção detalhada.
– Refazer simulados: sim, desde que com análise e foco nas falhas.
E você, qual foi sua maior dificuldade com simulados para concurso? Compartilhe sua experiência nos comentários abaixo — sua história pode ajudar outros concurseiros.
Referências e fontes externas utilizadas:
– Dunlosky, J., et al. (2013). Improving Students’ Learning With Effective Learning Techniques. Psychological Science in the Public Interest. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3812601/
– Qconcursos — https://www.qconcursos.com/
– Estratégia Concursos — https://www.estrategiaconcursos.com.br/
– Gran Cursos Online — https://www.grancursosonline.com.br/
– Cebraspe (banca) — https://www.cebraspe.org.br/