Lembro-me claramente da vez em que passei noites a fio imprimindo apostilas e salvando PDFs, acreditando que quantidade de material era sinônimo de preparo. Era 2016, eu havia deixado de lado a resolução de questões e vivia alternando entre vídeo-aula e leitura superficial. Resultado: não passei. Na minha jornada aprendi que ter o material de estudo certo é só o começo — o que faz a diferença é como você usa esse material.
Neste artigo você vai encontrar um guia prático e testado sobre material de estudo para concurso: o que escolher, como organizar, como combinar fontes e técnicas ativas de aprendizagem para transformar conteúdo em resultado. Vou compartilhar exemplos reais do meu método, ferramentas que uso, e um plano semanal que você pode adaptar agora mesmo.
Por que a escolha do material importa (e por que qualidade > quantidade)
Você já se sentiu afogado em PDFs e vídeos, sem saber por onde começar? Isso acontece porque muitos concurseiros confundem “ter tudo” com “estar preparado”.
Materiais bem escolhidos economizam tempo e evitam retrabalho. Segundo a revisão de técnicas de estudo de Dunlosky et al. (2013), estratégias como prática de recuperação e espaçamento têm muito mais impacto no aprendizado do que simples releitura de textos. Veja o estudo.
Tipos de material de estudo para concurso e quando usar cada um
- Edital e legislação seca: leitura obrigatória. O edital é o roteiro do concurso — tudo que importa está nele.
- Apostilas e PDFs: ótimos para estrutura e leituras rápidas, ideal para construir resumos.
- Livro-texto e doutrina: quando o assunto exige profundidade (direito, por exemplo).
- Videoaulas: bom para entender conceitos iniciais e explicações passo a passo.
- Questões comentadas: essencial. Resolva antes de decorar a teoria.
- Mapas mentais e resumos: síntese do conteúdo para revisão ativa.
- Fichas (flashcards): perfeitas para revisão espaçada e memorização (use Anki ou apps similares).
- Simulados: testam resistência e ajudam controle de tempo de prova.
Como escolher materiais confiáveis
Nem todo material é igual. Pergunte-se sempre:
- O conteúdo está atualizado com o último edital ou alteração legislativa?
- A fonte é reconhecida (instituto de ensino, professor especialista, banca organizadora)?
- Existem comentários de alunos que usaram esse material com sucesso?
Eu sempre começo pelo edital e por materiais da banca organizadora (quando disponíveis). Para direito e legislação, uso a lei seca como fonte primária e doutrina apenas para esclarecer pontos.
Estratégia prática: como montar seu kit de estudo
Monte um kit funcional com poucos itens claros — evitar excessos me salvou na segunda tentativa de concurso.
- Edital (impressão ou PDF destacado).
- Uma apostila atualizada por disciplina (ou caderno próprio).
- Banco de questões da banca (preferencialmente comentado).
- App de flashcards (Anki) com revisões diárias.
- Simulados mensais e um cronômetro para treinar tempo de prova.
- Planner semanal / tabela de estudos (digital ou impresso).
Técnicas de estudo que funcionam (e por que funcionam)
Não adianta apenas colecionar materiais; é preciso aplicar técnicas com base em evidências.
1. Prática de recuperação (retrieval practice)
Em vez de reler, tente lembrar e escrever o que aprendeu. Esta técnica melhora retenção de longo prazo. Eu costumo criar questões curtas ao final de cada tópico e responder sem consultar o material.
2. Espaçamento (spaced repetition)
Revisar com intervalos reduz a curva do esquecimento. Use flashcards no Anki para automatizar isso.
3. Interleaving (mesclar temas)
Estudar tópicos diferentes em um mesmo período melhora a capacidade de aplicar o conhecimento em contextos variados — ótimo para provas com matérias intercaladas.
4. Resolução massiva de questões
Resolva questões da banca desde cedo. A exposição ao estilo da prova ajusta seu foco ao que realmente importa.
5. Simulados com controle de tempo
Simulados replicam pressão de prova. Faço simulados semanais curtos e simulados longos mensalmente.
Plano de estudo prático (exemplo semanal para 4-6 horas por dia)
Adapte ao seu tempo. Este é um modelo que usei e funcionou:
- Segunda: Teoria (2h) — 1 tópico da disciplina A + 30 min de questões
- Terça: Teoria (2h) — 1 tópico da disciplina B + flashcards (30 min)
- Quarta: Revisão (1h) + Simulado curto (2h)
- Quinta: Teoria (2h) — disciplina C + questões práticas
- Sexta: Resumos e mapas mentais (1h) + Anki (30 min)
- Sábado: Bloco longo de questões (3-4h) e revisão de erros
- Domingo: Descanso ativo — leitura leve ou revisão de pendências (1-2h)
Como combinar cursinho, materiais pagos e gratuitos
Cursinhos são úteis para organizar cronograma e dar foco, mas não substituem disciplina. Use vídeo-aulas para entender o tema e bancos de questões para praticar.
Muitos materiais gratuitos são excelentes (legislações, provas antigas, artigos). Invista em materiais pagos apenas quando trouxerem valor agregado: questões comentadas da banca, simulados ou mentorias de qualidade.
Erros comuns ao escolher material — e como evitá-los
- Tentar usar 10 apostilas por disciplina — escolha 1 ou 2 de referência.
- Estudar passivamente — substitua releituras por prática ativa.
- Ignorar o edital — tudo começa e termina nele.
- Não revisar o que errou nas questões — o erro é a melhor fonte de aprendizado.
Ferramentas e recursos que recomendo
- Anki (flashcards) — para revisão espaçada.
- Plataformas de questões (conforme a banca) — treino diário.
- PDFs e apostilas atualizadas — para base teórica.
- Relógio/Pomodoro — para controlar tempo e manter foco.
- Google Drive/Notion — para organizar resumos e cronograma.
Perguntas frequentes (FAQ)
Qual o material mínimo para começar a estudar?
Edital, um resumo/apostila por disciplina e um banco de questões da banca. Comece por isso e vá adicionando conforme necessidade.
Devo priorizar videoaulas ou leitura?
Use videoaulas para introdução e livros/apostilas para consolidar. Priorize sempre a resolução de questões.
Quantas horas por dia preciso estudar?
Depende do prazo e da sua rotina. Para quem trabalha, 3-5 horas bem distribuídas e com qualidade podem ser suficientes; o importante é consistência.
Vale a pena comprar todo tipo de material de cursinho?
Não. Invista em recursos que preencham lacunas específicas: banco de questões da banca, simulados e material atualizado de legislação.
Conclusão
Escolher o material de estudo para concurso é mais do que acumular apostilas — é montar um sistema de aprendizado: edital como norte, fontes confiáveis como base, técnicas ativas como motor e resolução de questões como termômetro. Eu transformei meu método após falhar na primeira tentativa; com foco em qualidade do material e técnicas comprovadas, consegui resultados melhores e mais previsíveis.
Resumo rápido:
- Comece pelo edital e pela lei seca.
- Prefira poucos materiais de qualidade em vez de muitos.
- Use técnicas ativas (recall, espaçamento, interleaving).
- Resolva questões da banca desde o início.
- Faça simulados e revise sempre seus erros.
FAQ rápido acima para dúvidas comuns. E você, qual foi sua maior dificuldade com material de estudo para concurso? Compartilhe sua experiência nos comentários abaixo!
Fontes e referências: Dunlosky et al., “Improving Students’ Learning With Effective Learning Techniques” (SAGE Journals); bancos e informações de banca: CEBRASPE. Para informações gerais e atualizações sobre concursos e notícias relacionadas, consulte também o portal G1.